Destinorock.com: Os 50 segundos que sublimaram o Tokio Hotel


Para escrever a história é necessário macerar o tempo até o presente até poder ter uma clara perspectiva do que aconteceu. Falar dos alemães do Tokio Hotel é falar de uma banda ainda muito jovem cuja curta trajetória começa a oferecer pinceladas de grandiosidade em comparação com seus contemporâneos.

O caminho até os atuais postos de privilégio no panorama musical, não tem sido fácil e ainda que pareça contraditório, o mais simples foi chegar. Nesse sentido, o talento inegável de seus membros foi a principal causa para que, em questão de poucos meses, a banda fosse conhecida em meia Europa.

Olhando para trás e com a intenção de tomar um momento transcendental na carreira do Tokio Hotel, ficamos com a que, sem dúvida, foi a atuação que fez estrago a nivel europeu e lançou as bases da expansão internacional do grupo. Falamos da atuação que teve lugar no MTV Europe Music Awards em 2007.

A edição número 14 do evento caiu sobre a cidade de Munique, sendo a terceira vez que a Alemanha foi anfitriã da cerimônia, após as nomeações de Berlim (1994) e Frankfurt (2001). A escolha foi controversa, como o estado federal da Baviera é católico e a MTV celebra sua festa em 1 de novembro, a festa de Todos os Santos. O arcebispo de Munique criticou a decisão de permitir a cerimônia e inclusive, o ministro do interior do Estado da Bavaria teve que mediar a questão.

A gala foi apresentada pelo rapper americano Snoop Dogg e contava com atuações de primeiro nível com artistas do naipe de Mika, Foo Fighters, My Chemical Romance, Avril Lavigne e Amy Winehouse, entre outros.

Os Tokio Hotel, que foram nomeados em algumas categorias, optaram por cantar o tema Monsoon, que tanta sorte lhes deu em sua versão alemã e que havia sido lançado uns meses antes no álbum Scream. O fato de tocar em casa, fez com que o management tivesse algumas facilidades na hora de preparar uma bomba que intentava surpreender o mundo. A MTV não é nem sobra do que foi, mas hoje em dia a entrega dos Music Awards é o último sarau musical importante diante o qual milhões de pessoas de todo o mundo coincidem uma mesma noite na frente da TV.

Embora não seja excessivamente exteriorizado, a banda se encontrava muito nervosa por toda a responsabilidade que caia sobre seus ombros. Tocar em casa, ser transmitido para todo planeta e que seu empresário havia tido uma brilhante ideia de que em plena atuação cairia uma chuva torrencial no palco; são motivos mais que suficientes para se sentir como um táxi na primeira passagem e perder.

Na hora de começar a atuação, se escutaram algumas vaias na Olympiahalle de Munique, algo a princípio impensável em se tratando de quem se tratava, mas foi assim. Esses gritos vinham de um público não tão jovem, que pretendia desvencilhar-se da imagem de grupo exclusivo para adolescentes que tanto dano causou e causa a banda.

Tokio Hotel começou a tocar Monsoon com muita sobriedade. O palco era de dimensões relativamente pequenas e se podia ver com clareza todo o grupo. Atrás deles, uma tela gigante reproduzia imagens de céus povoados por nuvens em movimento. Bill Kaulitz se mostrou bastante comedido e transmitia, assim como os outros componentes, uma grande seriedade em sua atuação. No transcorrer da canção foi ganhando intensidade e o momento culminante chegou no último minuto do tema, quando de repente, começou a chover sobre o palco. A partir desse instante e durante 50 segundos, se viveram as cenas mais impactantes que se pode ver nos últimos tempos em uma atuação de entrega de prêmios, com uma banda capitaneada por um Bill Kaulitz que transmitiu mais força e paixão como nunca. Dificilmente se pode explicar com palavras a grande quantidade de informação recebida apenas ao olhar a cena. Contemplar as imagens e ter um calafrio é sinônimo de estar vivo.

No final da atuação, a Olympiahalle de Munique veio abaixo e inclusive os fãs deslocados de outros grupos indicados, se rendiam diante o que acabaram de ver.

Curiosamente, os melhores instantâneos ficaram a cargo de Georg e Gustav, os dois membros que frequentemente ficam na sombra do protagonismo dos irmãos Kaulitz. Ambos se limitaram a cumprir a ordem de não parar de se mecher quando começasse a cair água e tanto as "cabeçadas" do baixista quanto do baterista, causaram sensação. A ideia que teve o management não poderia ser mais eficaz e é evidente que também dominam o campo econômico como um encanto, e no musical sabe muito bem onde apertar para tocar a fibra.

A partir desse dia, nada voltaria a ser igual. A Europa ficava pequena com o mundo abrindo suas portas. Com o passar do tempo, podemos afirmar que essa performance mudou de maneira radical o rumo da banda. É pouco mais do que curioso, que seja precisamente no Dia de Todos os Santos, que o grupo alcançou sua glória particular...


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